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EMCDC - Estudo da Modalidade de Censo Demográfico Contínuo

Sobre - Modelo operacional

Apresentação

A proposta de modelo operacional de censo baseado em modalidade alternativa à enumeração completa da população, chamado de Censo Contínuo no escopo do projeto, foi elaborada por técnicos das diretorias de Pesquisas, Informática e Geociências do IBGE. Na elaboração da proposta foram consideradas as discussões ocorridas durante os anos de 2004 a 2006, as quais envolveu cinco Grupos de Trabalho constituídos no IBGE e vários Institutos Nacionais de Estatística (INEs), em especial do Brasil, México, França e Estados Unidos, os quais participaram de três Seminários Internacionais sobre modalidades alternativas de censo.

O foco principal da proposta é a questão operacional, contudo, foram considerados os aspectos de caráter técnico ou metodológico, envolvendo amostragem, acumulação das informações e estimação; o desenho conceitual/questionário; base territorial e cadastro de endereços; a estrutura da rede de coleta e a integração com o censo tradicional e demais pesquisas domiciliares.

O modelo operacional proposto partiu de reflexões sobre que informação produzir, qual o ciclo de acumulação de dados da operação censitária e qual a periodicidade de divulgação, qual o modelo de amostragem que deve ser usado e qual o nível de divulgação geográfica que ele permite, se a operação deve ser espalhada ao longo do ano, ou concentrada em alguns meses como o censo usual, qual a base territorial com a qual a operação deverá contar, se a listagem dos setores deve ser feita junto com a coleta ou em momentos diferentes, e quais informações devem ser levantadas durante esta operação, se a contagem de população é necessária e caso seja com que periodicidade, além de questões adicionais para reflexão, como novas construções, municípios novos etc.

Amostra

A modalidade de censo demográfico contínuo avaliada no IBGE consiste de uma pesquisa por amostragem com a coleta das informações distribuída ao longo de um período de tempo determinado. Nesta modalidade propõem-se a utilização de frações amostrais diferentes em grupos de municípios definidos por seus tamanhos. Um estudo foi realizado, com objetivo de definir estes grupos e as frações amostrais correspondentes, de forma a garantir a precisão desejada das estimativas em todos os municípios.

Os resultados encontrados, ou seja, os grupos e as frações, servem para qualquer modalidade de censo demográfico, pois para estimar com a qualidade requerida é necessário um tamanho total de amostra que tanto pode ser obtido num mesmo instante, da forma como é feito em um censo realizado nos moldes tradicionais, como pode ser acumulado, se a amostra for coletada continuamente ao longo de um período de tempo, que é a maneira proposta na modalidade alternativa estudada.

Os fatores considerados para a definição dos grupos foram:

  • Características de interesse;
  • Precisão das estimativas e
  • Frações amostrais ou limites de corte.

Em algumas alternativas, foram fixadas as frações e então encontrados os limites. Eles foram definidos de tal forma que os coeficientes de variação das estimativas das proporções ficassem dentro de limites preestabelecidos, para qualquer tamanho de município. Assim para todos os municípios as estimativas seriam obtidas com precisões equivalentes. Para outras alternativas o procedimento de trabalho seguiu o caminho inverso. Primeiro foram definidos os limites e depois encontradas as frações necessárias para estimar as proporções com a precisão desejada. As frações amostrais propostas, segundo as classes de tamanhos dos municípios, são mostradas abaixo.

Quadro 1 – Frações amostrais por classe de tamanho de município em total de habitantes

Classes de Tamanho do Município (hab) Fração Amostral
Até 4.000 50%
Mais de 4.000 até 8.000 33%
Mais de 8.000 até 20.000 20%
Mais de 20.000 até 500.000 10%
Mais de 500.000 5%

Informações detalhadas sobre os estudos realizados para a definição da amostra e outros aspectos correlacionados podem ser encontrados no documento “Aspectos de Amostragem”.

Questionário

Os estudos realizados se preocuparam em identificar a melhor forma de atender a crescente demanda por informações sobre as características da população e dos domicílios. Foi estudado o conteúdo do questionário e a formulação das perguntas, a qual depende dos procedimentos de coleta adotados e da forma planejada de acumulação.

Concluiu-se que os temas a serem investigados através de um método alternativo de Censo Demográfico devem ser aqueles absolutamente necessários para o nível municipal. Foram identificadas as demandas de informações mais freqüentes, imprescindíveis para a gestão municipal, as quais foram avaliadas. Quanto aos demais temas, entende-se que estes podem ser obtidos a partir de outras pesquisas domiciliares da Instituição, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD, Pesquisa Mensal de Emprego PME, Pesquisa de Orçamentos Familiares POF.

Foram identificadas ainda as informações que não são demandadas em nível municipal, porém são normalmente fornecidas pelo Censo, pois o desenho da amostra das outras pesquisas domiciliares não permite cruzamentos com grande nível de desagregação. Como exemplo, destacam-se as Contas Nacionais, que utilizam um nível de desagregação das atividades econômicas que a PNAD não comporta.

O trabalho foi realizado em subgrupos temáticos com o objetivo de analisar as necessidades de mudanças que um modelo alternativo para censos de população poderia acarretar sobre os diversos temas. Foram estudadas: características dos domicílios; características demográficas; cor ou raça, pessoas portadoras de deficiência; educação, fecundidade, mortalidade infantil e migração; características do trabalho e rendimento; famílias no censo demográfico e estabelecimentos agropecuários.

Para os temas selecionados foram realizadas as seguintes etapas de análise: comparação das variáveis investigadas nos Censos Tradicionais do Brasil, França e Estados Unidos; e análise da existência de mudança na forma de investigação na passagem de um censo tradicional para uma modalidade alternativa nos dois países em estudo (Estados Unidos e França). O objetivo da comparação foi compreender de que modo a mudança de modelo influi na forma de levantamento da informação para cada tema.

Na proposta de modelo operacional foi considerada a necessidade de atender ao menos as demandas já existentes, portanto admitiu-se que o questionário a ser adotado deverá conter as perguntas constantes do questionário da amostra do Censo Demográfico.

Informações detalhadas sobre os estudos realizados para a elaboração de uma proposta de questionários podem ser encontrados no documento “Desenho Conceitual”.

Resultados

A periodicidade proposta para a divulgação das informações para todos os municípios é anual, uma vez completado o primeiro ciclo de 5 anos. Os resultados anuais serão obtidos a partir das cinco amostras mais recentes. Desta forma, completada a coleta do quinto ano serão produzidos resultados com base nas amostras dos cinco primeiros anos. No sexto ano as informações produzidas serão baseadas nas amostras dos anos 2 até o 6, e assim por diante.

Além de resultados detalhados para o nível municipal, baseados em cinco amostras/anos, é possível obter resultados para o país e grandes regiões com base na amostra de um ano, já a partir do primeiro ano. Com a acumulação de duas, três e quatro amostras anuais, o nível geográfico para o qual é possível produzir informações vai diminuindo.

Os resultados estarão referenciados no ano do meio do ciclo, conforme mostra o esquema abaixo.

Amostra i = 1/5 da amostra total. Este valor corresponde a coleta da amostra em 1/5 dos setores de cada município brasileiro, perfazendo 1/5 do total dos setores brasileiros.

RCi = Resultado do ano i corrigido para o ano do meio do ciclo

A acumulação do RC1, RC2, Amostra 3, RC4 e RC5 fornece os resultados para o ano 3 do ciclo de acumulação. Neste modelo as informações produzidas estarão distantes da data de referência no máximo dois anos.

O que é

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE possui a importante tarefa de prover o Brasil com informações, retratando sua realidade para o exercício da cidadania. Neste contexto se insere a responsabilidade de realização dos censos demográficos. Atualmente, tal como acontece com os Institutos de Estatística de vários países do mundo, o IBGE encontra-se no dilema de produzir mais, e melhor, informação, em um cenário de restrições orçamentárias e premência de resultados.

Buscando aprimorar sua metodologia de trabalho, no que se refere ao planejamento e execução de censos demográficos, o IBGE empenha-se em conhecer e avaliar métodos alternativos à enumeração completa da população, em especial os baseados em amostras já em curso nos Estados Unidos e na França.

O desenvolvimento do projeto Estudo da Modalidade de Censo Demográfico Continuo - EMCDC tem sua origem fundamentada na atual discussão internacional sobre a utilização de tais métodos face ao desafio que os Institutos Nacionais de Estatística enfrentam para produzir informação sempre atualizada, com grande detalhamento geográfico e temático, sob a constante necessidade de redução de custos. Reconhecendo que também necessita lidar com estas dificuldades, o IBGE iniciou atividades visando promover o estudo e a avaliação de metodologias alternativas para censos demográficos no contexto brasileiro.

Com atividades inciadas em 2004, o projeto vem abrigando atividades que possibilitem avaliar a viabilidade técnica e operacional da mudança de metodologia. Destacam-se a realização, em parceria com o Instituto Nacional de Estadística Geografía e Informática (INEGI - México), de três seminários internacionais, participação em simpósios e reuniões internacionais sobre modalidades alternativas de censo, visitas técnicas ao Instituto Nacional INSEE (França), além da participação no debate sobre o futuro do censo demográfico brasileiro em atividades de âmbito nacional como a CONFEST/CONFEG a ABEP, entre outros espaços.

A participação nestas atividades ajudou a fomentar o debate sobre o assunto na casa e, e durante os anos de 2004 e 2005, estiveram instalados grupos multidisciplinares de trabalho (GT), os quais congregaram técnicos das diferentes unidades organizacionais do IBGE, para o desenvolvimento do projeto. Foram criados 5 grupos de trabalho, definidos a seguir, buscando refletir diferentes dimensões de estudo, dada a complexidade do projeto:

  • GT Base Territorial e Cadastro de Endereços;
  • GT Desenho Conceitual;
  • GT Amostragem, Estimação e Acumulação de Informações;
  • GT Distribuição das Agências;
  • GT Integração Censo e Pesquisas.

A partir dos conhecimentos produzidos nos diferentes grupos temáticos foi elaborada uma proposta de modelo operacional, a qual estabeleceu diretrizes para a realização do Teste Piloto do Censo Contínuo. O teste foi realizado no período de 2008 a 2013 e é composto por dois ciclos de acumulação: 2008-2012 e 2009-2013.

Resultados preliminares do estudo podem ser vistos nos artigos Estudo da Modalidade de Censo Demográfico Contínuo, apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais e no 20º Simpósio Nacional de Probabilidade e Estatística; e Rolling Census: scoping study for Brazil, apresentado no 59º Congresso Mundial de Estatística.

A conclusão dos estudos está prevista para o fim de 2014, ocasião em que serão apresentados os limites e possibilidades de implementação da Modalidade de Censo Demográfico Contínuo no Brasil.